quinta-feira, 3 de março de 2011

Estávamos à duas semanas do casamento. Estava tudo perfeito, tudo arrumado, o vestido, o bolo, as flores, a igreja, a festa.. tudo ok. Tudo correndo perfeitamente, mas algo me angustiava, não conseguia ficar relaxada, ficava só pensando em como as coisas podiam dar errada, como meu noivo aparentemente perfeito podia achar uma menininha por ai e resolver me largar, pensava nas coisas passadas, coisas que aconteceram a muito tempo atrás, mas que ainda me instigavam. Pensava nas pessoas que não iriam comparecer, não me refiro às que não vão comparecer por que elas não querem, me refiro às que não podem comparecer, porque estão mortas.
Tudo bem, nem todas elas estavam mortas literalmente, mas algumas estavam tão afastadas que eu nem conseguia imaginar como mandaria o convite de casamento. Não conseguia parar de pensar no passado, em problemas, em antigos amores, em desilusões.
Passaram-se as duas semanas e estávamos a dois dias do casamento. Eu ainda estava angustiada. Como o passado pode deixar a gente tão triste sem motivo aparente! Coisas que ficaram para traz, porque eu estou triste por causa delas? Não conseguia achar a resposta. Me lembrei que a muito tempo isso aconteceu. Mas não me lembrei do que eu fiz para que isso acabasse.
Meu avô viu que eu estava tão alienada de pensamentos que não conseguia me concentrar. Então me perguntou o que estava acontecendo comigo, respondi: "o passado vô." Ele parou imerso em seus pensamentos por alguns segundos e, saindo andando, disse para parar de me preocupar, fiquei imaginando o que ele estaria pensando, mas minha mente continuava a mil.
Meia hora depois ele voltou com um pequeno papel na mão e disse, "desculpe a demora, foi difícil de encontrar", me perguntei do que ele estava falando, em seguida ele me entregou o papel e disse mais uma vez: "pare de se preocupar". Abri, li, reli, e olhei pra ele com uma alegria que à algumas semanas não havia conseguido demonstrar, só consegui dizer três palavras: "muito obrigada vovô" e dei-lhe um abraço bem apertado.
Finalmente minha angustia havia acabado, em tempo para o casamento (ainda bem!), o pequeno trecho que meu vô havia me dado resolvera meus problemas, acho que não terei mais esse tipo de estresse, mas se tiver, só basta eu lembrar do que estava escrito no pequeno papel.

"Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque embora quem quase morre está vivo, quem quase vivi já morreu."
Luiz Fernando Verissímo


foi um pequeno conto, espero que gostem.

Um comentário:

Lys Fernanda Rodrigues disse...

Gostei da honestidade e tambem da citaçao de Luis Fernando, *-*